Fabiano Sobreira
“Para boa parte da grande imprensa, para os juízes, que emitem ordens de despejo sem jamais terem pisado no local, e para a polícia, que muitas vezes usa bombas de efeito moral e balas de borracha para executar essas ordens, trata-se de “invasões” cometidas por “invasores” que tentam usurpar a propriedade alheia.
(…) Porém, (…) São redes de amizades forjadas na luta por condições mínimas de sobrevivência e que tecem uma resistência sensível e poderosa ao seu enquadramento como “invasores” e, portanto, ao seu banimento da categoria de sujeitos cidadãos.
(…) uma ocupação de terrenos e prédios cuja existência nos registros cartoriais os vincula a um proprietário, mas que, na prática, no mundo real das cidades, encontram-se vazios há décadas, degradando o espaço e afrontando todos os dias o direito universal de morar.”
(Raquel Rolnik, 2017, trecho do texto publicado no livro “Era o Hotel Cambridge: arquitetura, cinema e educação”, de Carla Caffé)
“Dar função social a edifícios ociosos e subutilizados é uma tática desenvolvida pelos movimentos de moradia desde os anos 1990, como um instrumento dessa luta que busca, simultaneamente: denunciar a especulação imobiliária; garantir alojamento bem localizado, mesmo que precário e provisório, a famílias sem-teto; pressionar o poder público para implementar nesses edifícios projetos habitacionais na área central; e, de maneira mais ampla, concretizar uma política urbana e habitacional que contemple essa perspectiva.”
(Nabil Bonduki, 2017, trecho do texto publicado no livro “Era o Hotel Cambridge: arquitetura, cinema e educação”, de Carla Caffé)
